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Corinthians x Palmeiras: o que explica o domínio dos times paulistas no futebol feminino

Corinthians x Palmeiras o que explica o domínio dos times paulistas no futebol feminino
Pela oitava vez em nove edições, título ficará com um time de São Paulo. Foco na base, calendário e profissionalização ajudam a explicar superioridade

Neste domingo, às 21h, Corinthians e Palmeiras decidem o Brasileiro feminino, na Neo Química Arena. Os finalistas serem dois times de São Paulo não é uma coincidência, mas consequência da hegemonia dos paulistas na modalidade. Em nove edições da competição, só em 2016 uma equipe do estado não foi campeã — na ocasião, o Flamengo. O time do Parque São Jorge, atual vencedor, que hoje tem vantagem por ter levado a primeira partida por 1 a 0, esteve na decisão das últimas quatro edições, vencendo duas.

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Na atual disputa, as cinco primeiras colocações da fase de classificação foram de times paulistas, sendo que três foram até as semifinais. Essa hegemonia não começou da noite para o dia. O Paulistão é o mais longevo entre os estaduais, com 23 edições. Há por parte da Federação Paulista de Futebol (FPF) planejamento com foco na base, calendário e profissionalização.

— São Paulo fomentou o futebol brasileiro por muito tempo. A maioria dos times que jogaram os primeiros Paulistões era de prefeituras. Boa parte das jogadoras é formada aqui e quase todas essas equipes ainda existem com categorias de base. Então você vê que, por isso, elas ainda sobrevivem bem porque formam. Esse é um ponto, a longevidade — disse Ana Lorena Marche, coordenadora de futebol feminino da FPF.

Gabi Portilho marcou o gol da vitória do Corinthians na primeira partida Foto: Rebeca Reis/Staff Images/CBF/Divulgação
Gabi Portilho marcou o gol da vitória do Corinthians na primeira partida Foto: Rebeca Reis/Staff Images/CBF/Divulgação

Ana Lorena também explica que, hoje, a formação de atletas é uma das prioridades da FPF, que realiza peneiras pelo estado para possibilitar que clubes tenham acesso a jogadoras. O estado foi o primeiro a ter campeonatos sub-17 e sub-15.

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Além disso, há a preocupação com um calendário cheio para os clubes com a realização de um Paulistão mais longo e da Copa Paulista. E com o bom desempenho deles nas competições nacionais (em 2022, dos 16 times da primeira divisão, sete serão de São Paulo), os clubes evitam ter hiatos longos entre uma competição e outra. Como reflexo do calendário robusto houve um aumento da profissionalização das jogadoras. Na atual temporada do Campeonato Paulista, cerca de 120 jogadoras, de aproximadamente 300, são contratadas pelos clubes através de CLT. Em 2016 eram 30.

Desafio de nacionalizar

No Brasil, o time feminino a ser batido é o Corinthians. O clube, além de estar em sua quinta final consecutiva, também decidirá o Brasileirão sub-18 com o São Paulo e já conquistou o sub-16. O bom resultado da base veio, apesar de a diretora do departamento de futebol feminino do Corinthians, Cristiane Gambaré, ter considerado que o ano passado, por causa da pandemia, freou a evolução da base do Corinthians. No entanto, ela diz que os bons resultados vieram porque o trabalho está se solidificando pouco a pouco.

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— Nos esforçamos para dar todo o suporte e condição necessária que uma equipe de alto rendimento precisa e nos cobramos em sermos melhores todos os dias, em todas as funções. Vejo que essa somatória faz do Corinthians uma potência. Não há evolução sem investimento. E esse investimento não pode ser feito só dentro de campo — disse.

Paulistas dominam galeria de títulos do Brasileirão feminino. Na foto, a bola do jogo da primeira partida da final Foto: Rebeca Reis/Staff Images/CBF/Divulgação
Paulistas dominam galeria de títulos do Brasileirão feminino. Na foto, a bola do jogo da primeira partida da final Foto: Rebeca Reis/Staff Images/CBF/Divulgação

Aline Pellegrino, coordenadora de competições femininas da CBF, conta que a partir de 2022, o Brasileiro terá três divisões com times de todos os estados e do Distrito Federal. Para ela, ter mais divisões ajudará a equilibrar o cenário:

— Os clubes de São Paulo vêm de um passado de investimento e pioneirismo no futebol feminino, mas estamos criando meios para equilibrar o cenário, que por muito tempo foi tão desigual. Criar divisões e competições é uma forma de dar oportunidade e base de crescimento para os clubes.

Cariocas na contramão

O protagonismo de São Paulo outrora era Carioca. A seleção feminina que disputou a primeira Copa do Mundo, teve um time do Rio como base, o Radar. Mas o trabalho iniciado pelo clube não foi seguido e o futebol feminino carioca andou na contramão do desenvolvimento da modalidade.

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O primeiro campeonato feminino no Rio foi organizado em 1983, quatro anos após a revogação da lei que proibia a prática de esportes que “contrariassem a natureza feminina”, como o futebol. O Radar venceu todas as edições até 1988, quando a competição deixou de ser disputada e a equipe foi desmanchada. O estadual voltou a ser disputado entre 1996 e 2001 e depois retornou em 2005.

— As jogadoras de hoje têm tudo comparando com a minha geração. Para nós, é grandioso demais saber que deixamos um legado e que elas estão aproveitando — diz Roseli de Belo, ex-jogadora do Radar e da seleção.

Quando se trata de Brasil, o Flamengo é o time carioca de maior destaque. No entanto, após 2016, o clube tem terminado o campeonato cada vez mais distante das primeiras colocações. Já Fluminense, Vasco e Botafogo disputarão juntos a segunda divisão em 2022:

— Estamos em um bom caminho, mas ainda existe bastante amadorismo nas equipes menores. Quanto mais o campeonato nacional for equilibrado, melhor. Isso motivaria mais as meninas — afirma Elane Peixinho, autora do primeiro gol do Brasil em uma Copa feminina e ex-atleta do Radar.

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