Por que pivô de 2,18m dos Celtics fica a 3,5m de distância para ...

Quando Will Hardy viu primeiro o pivô do Boston Celtics, Luke Kornet, fazer aquele estranho movimento para contestar um arremesso de 3 pontos, ele ficou perplexo.

“Eu só pensei o quanto aquilo era hilário pra c***”, Hardy, que era técnico assistente dos Celtics na temporada passada, antes de ser técnico do Utah Jazz, contou à ESPN: “’Você está longe da bola. Por que você vai pular?’ Mas, no vídeo você consegue ver isso e você fica meio: ‘Cara, por um segundo, o arremessador não consegue ver o aro.’”

Olhar o pivô de 2,18m Kornet pular para cima como se estivesse desafiando uma enterrada, quando o arremessador adversário está bem longe, certamente se desentende com a noção comum de uma defesa de 3 pontos.

E, por mais estranho que pareça, aparentemente tem um efeito legítimo.

Além de todo o conteúdo ESPN, com o Combo+ você tem acesso ao melhor do entretenimento de Star+ e às franquias mais amadas de Disney+. Assine já!

Ano passado na G League, o corpo técnico dos Celtics monitorou a maneira com que Kornet contestava (ou “Kornet Kontest”, um termo feito por Brian Scalabrine, antigo jogador da NBA e analista dos Celtics) encontrou quase 30 lances em que isso aconteceu. Os oponentes chutaram apenas 25%.

Nesta temporada, o ESPN Stats & Info rastreou o movimento de Kornet em 36 momentos distintos, incluindo 34 arremessos de 3 pontos. Os oponentes converteram em apenas 12 oportunidades, chegando a uma porcentagem de 33,3%. Segundo o Second Spectrum, que monitora os dados, Kornet foi o defensor mais perto entre esses defensores nos 22 dos 36 chutes. Segundo essa estatística, a média da NBA chutando de 3 pontos, sem marcação, é 38%.

A média de distância do chute de Kornet nessas tentativas? Algo próximo de 3,6 metros.

Como ele decidiu que isso era algo que ele deveria fazer? No caso de Kornet, foi parecido como resolver seu próprio problema de matemática.

Como um jogador de 2,18m, com 120kg, pivô, lento, consegue sair do garrafão até a linha dos 3 pontos para contestar um chute?

Fácil: ele não tenta.

Kornet passou quatro anos no universitário de Vanderbilt Commodores, antes de ser não escolhido no Draft 2017, jogar no New York Knicks, no Chicago Bulls e nos Celtics, por 18 jogos, em 2020/2021, no Cleveland Cavaliers e Milwaukee Bucks com vários times da G League também recebendo o atleta.

Durante esses momentos, ele chegou a uma conclusão: Os oponentes não conseguem acertar algo que não conseguem ver.

“Foi um tempo na minha vida que era algo como: ‘Certo. Talvez seja hora de encontrar qualquer pequeno jeito de melhorar o jogo,’”: Kornet contou à ESPN: “Se este tipo de coisa faz diferença, então isso faz diferença.”

Inicialmente Kornet utilizou o movimento apenas quando envolvia um pivô, saindo do corta-luz para o chute na parte alta do garrafão, podendo atacar sem o drible e o fizesse ir marcar no alto.

A defesa de Kornet se tornou um padrão do seu repertório defensivo enquanto estava no Maine Celtics, na G League, durante a temporada 2021/2022.

“Eu só estava tentando ficar na parte baixa do garrafão do Maine, em termos de proteger sempre o aro e tentando sempre fazer mais naquele espaço”, comentou Kornet: “Porque isso é algo que fazemos por aqui [no Boston]. Aconteceu já em alguns jogos onde algumas pessoas diziam: ‘É, eu não conseguia ver anda [do garrafão].”

Mesmo com Hardy inicialmente não acreditando, sua opinião mudou quando ele percebeu o quanto Kornet poderia bloquear a visão do aro para um arremessador e gostaria que fosse em um tempo melhor.

“Mesmo que ninguém esteja próximo de você, isso distorce sua visão por um segundo”, comentou Hardy, que chama a contestação de Kornet, tal como os assistentes dos Celtics, de: “O Eclipse.”

“Luke simplesmente continua fazendo e ele realmente acredita nisso. Ele vendeu isso para mim. ... Na primeira vez que eu vi isso, no banco dos Celtics, com alguém chutando ali da zona morta, eu fiquei: ‘Meu deus, você realmente não consegue ver o aro quando ele pula assim’. E isso simplesmente se tornou a maneira de defender dele.”

Ninguém, incluindo Kornet, acreditava que esse movimento é uma maneira infalível de frustrar os arremessadores dos oponentes. Hardy mandou mensagem para Kornet, quando o ala dos Wizards, Rui Hachimura, caiu na jogada, pulando antes e os Celtics venceram a partida.

“Eu acho que para um jogador inexperiente, isso pode ser uma distração”, comentou o técnico Erik Spoelstra, neste começo de mês quando o Heat enfrentou o Boston: “Mas nossos jogadores já viram vários esquemas diferentes, coberturas e outras coisas. Se eles estão abertos para chutar, eu só quero que eles vão para cima e não foquem nisso.”

Kornet estuda onde e quando pular, mas, se ele perde o lugar ou momento certo, o arremessador tem uma visão aberta do aro e um Kornet engraçado pulando em lugar nenhum na sua visão periférica.

“Eu acho que é uma jogada inteligente”, comentou Joe Mazzulla à ESPN: “Ele está jogando melhor sabendo quando fazer isso, então permite que ele consiga saber a posição defensiva correta. Isso é definitivamente uma distração se continuarem se acostumando a olhar o aro toda vez que estão chutando.”

Quando foi perguntado se fazia sentido ensinar a outros jogadores sobre sua técnica, Hardy mencionou sobre os problemas que tem com o posicionamento. Mesmo assim, ele disse que talvez vale discutir com os jogadores a situação de Kornet.

“Você não faz nada aí em pé”, comentou Hardy: “Mesmo que ajude 1%, isso é melhor que nada.

Kornet ainda adicionou: “Se isso diminui a chance de converter o arremesso, então você deve fazer isso todo o momento. É extremamente desconfortável, mas é mais vergonhoso não fazer nada para ajudar o seu time. Tudo que for necessário fazer, deve ser feito e você não pode questionar isso se os resultados forem positivos.”