Conflito entre Rússia e Ucrânia: qual a posição do Brasil
Os presidentes do Brasil, Jair Bolsonaro, e da Rússia, Vladimir Putin, encontraram-se no Kremlin, em Moscou, no dia 16 de fevereiro de 2022 — Foto: Alan Santos/PR
A invasão russa à Ucrânia na madrugada desta quinta-feira (24) gerou reações de diferentes atores da comunidade internacional.
No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda não comentou sobre o conflito. Já o Ministério das Relações Exteriores pediu nesta quinta-feira (24) a suspensão imediata das "hostilidades" da Rússia à Ucrânia, enquanto o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que o Brasil não concorda com a invasão.
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O presidente esteve em São José do Rio Preto (SP) na manhã desta quinta-feira (24), para uma inauguração de um complexo viário na BR-153. Na ocasião, ele discursou por 20 minutos, mas não fez nenhuma menção à invasão da Ucrânia pela Rússia.
Antes de embarcar para São Paulo, Bolsonaro conversou ainda com apoiadores na frente do Palácio da Alvorada, mas também não citou o conflito no Leste Europeu.
O presidente fez uma viagem oficial à Rússia, na semana passada. Ao lado do presidente Vladimir Putin, Bolsonaro disse que é solidário à Rússia, sem especificar sobre o que se referia essa solidariedade. A declaração do presidente criou um desgaste para a diplomacia brasileira, em especial com os Estados Unidos.
Após a declaração, Bolsonaro afirmou que não tomou partido "de ninguém" ao se solidarizar com a Rússia.
Mourão falou com a imprensa, na chegada ao Palácio do Planalto, sobre a invasão russa à Ucrânia — Foto: Guilherme Mazui/g1
Enquanto Bolsonaro não se pronuncia, o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta quinta-feira (24) que o Brasil não concorda com a invasão da Ucrânia pela Rússia.
“O Brasil não está neutro. O Brasil deixou muito claro que ele respeita a soberania da Ucrânia. Então, o Brasil não concorda com uma invasão do território ucraniano. Isso é uma realidade”, afirmou Mourão na chegada ao Palácio do Planalto.
Já a diplomacia brasileira pediu a suspensão imediata das "hostilidades" da Rússia à Ucrânia, em comunicado divulgado na manhã desta quinta-feira (24) pelo Ministério das Relações Exteriores. Foi a primeira manifestação oficial do governo brasileiro após a invasão russa.
"O Governo brasileiro acompanha com grave preocupação a deflagração de operações militares pela Federação da Rússia contra alvos no território da Ucrânia. O Brasil apela à suspensão imediata das hostilidades e ao início de negociações conducentes a uma solução diplomática para a questão, com base nos Acordos de Minsk e que leve em conta os legítimos interesses de segurança de todas as partes envolvidas e a proteção da população civil", diz a nota do Itamaraty.
Diplomatas ouvidos pelo blog da Andréia Sadi afirmam que temem "reações ideológicas do presidente" e defendem que Bolsonaro não se envolva na questão e deixe o ministro Carlos França, chefe do Itamaraty, conduzir as reações oficiais.
"França, apesar de criticado por alguns setores por ter uma reação discreta à crise, é visto como uma figura “pragmática” por fontes do Itamaraty ouvidas pelo blog - e que, até aqui, está “pilotando” as reações brasileiras", afirma o blog.
Os integrantes da equipe econômica do governo, por sua vez, avaliam que o Brasil terá de buscar soluções internas para lidar com as altas do dólar e do preço do petróleo, em função do conflito, diz o blog do Valdo Cruz.
Para assessores presidenciais, o Brasil estava vivendo um momento positivo na atração de capital estrangeiro em aplicações na Bolsa de Valores e no mercado financeiro, fazendo o dólar se desvalorizar e, com isso, compensar a alta do petróleo nas últimas semanas.
Agora, porém, os preços tendem a subir e podem pressionar ainda mais a inflação no país. E o cenário pode ficar ainda mais grave se o conflito se acirrar, em vez de ser encontrada uma solução negociada.
Um assessor disse ao blog que a piora no cenário internacional mostra "a importância de focarmos no que está ao nosso alcance: consolidação fiscal e reformas pró-mercado".
Mapa mostra localização da Ucrânia no mundo — Foto: Arte g1