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Fuga da guerra, duelo com Benzema e desejo de permanecer no Inter: Vitão conversa com o ge

Zagueiro de 22 anos assumiu a titularidade com Mano Menezes e diz estar feliz em Porto Alegre em entrevista exclusiva
Vitão fala sobre seu momento no Inter, carreira na Europa e guerra na Ucrânia

Vitão fala sobre seu momento no Inter, carreira na Europa e guerra na Ucrânia

O sorriso com o qual Vitão adentra a sala de imprensa no CT do Parque Gigante tem fácil explicação. Quem há três meses estava abrigado no bunker de um hotel em Kiev e precisou viajar de trem até a Romênia para fugir da guerra da Ucrânia com a Rússia, hoje está seguro em Porto Alegre como um dos pilares do Inter.

À espera da definição sobre sua permanência para o segundo semestre, trabalha para confirmar a solidez defensiva e ajudar o time a subir na tabela do Brasileirão.

Aos 22 anos, o defensor está nitidamente feliz em Porto Alegre. Caseiro, aproveita para curtir a companhia da família quando não há jogos. Em especial, o crescimento do filho, Miguel Eduardo, de apenas seis meses, e a parceria da esposa Camila. Em campo, inspira-se em Thiago Silva. Fora dele, tem a mãe como referência.

A gente teve que pegar 15 horas de trem com vários moradores locais tentando escapar. Todo esse tempo de trem com meu filho, que tinha apenas três meses. Estava acabando o leite, acabando a água.
— Vitão
Vitão concedeu entrevista exclusiva ao ge — Foto: Bruno Ravazzolli
1 de 6 Vitão concedeu entrevista exclusiva ao ge — Foto: Bruno Ravazzolli

Vitão concedeu entrevista exclusiva ao ge — Foto: Bruno Ravazzolli

Eventualmente, troca as chuteiras pelo videogame. O jogo preferido é Fortnite. Ao longo da entrevista exclusiva ao ge na sexta-feira, Vitão também citou o seu lado cinéfilo.

Quando o assunto é futebol, Vitão entra rasgando. Revelado pelo Palmeiras, se transferiu ainda jovem para o Shakthar-UCR, onde teve a oportunidade de enfrentar e ganhar do Real Madrid em uma partida de Champions League.

Diante da decisão do torneio europeu, entre Real Madrid e Liverpool, às 16h deste sábado, Vitão trata o duelo com Benzema como um momento inesquecível.

Diante do Atlético-GO, na próxima segunda-feira, fará o seu sexto jogo consecutivo como titular de Mano Menezes. De cabeça, marcou seu primeiro gol contra o Juventude.

Confira trechos da entrevista:

ge - Como foi a tua adaptação ao clube e a recepção dos companheiros no vestiário?Foi um período muito tranquilo para mim. Todos me receberam muito bem. Já tinham falado bem do grupo, confesso que não sabia que era tão bom assim. Estou me sentindo em casa, de verdade. Desde a primeira semana, até hoje. Estou bem, estou focado. Acho que já estou adaptado. Sempre tem aquela resenha da apresentação para deixar a gente mais solto, mais leve. Eu já conhecia alguns jogadores, já tinha jogado com o Liziero (na seleção Olímpica) e com o Taison no Shakhtar.

Além do Taison, você foi parceiro do Alan Patrick. Eles facilitaram a tua vida na chegada ao Inter?Sim, me deixou mais tranquilo. Já conhecia também o De Pena. Jogamos vários clássicos contra. Shakhtar Donetsk contra Dinamo de Kiev pegava fogo. Foi tranquilo. É difícil quando você chega e não conhece muita gente, mas na minha questão foi tranquilo. Todos me receberam muito bem.

Já vem logo na cabeça a partida contra o Real Madrid, que foi minha estreia na competição. Logo contra o Real Madrid! A gente ganhou por 2 a 0 dentro da nossa casa. Foi muito bom para mim e foi onde eu comecei a me firmar como titular no Shakhtar. Peguei o Benzema!
— Vitão
Vitão em ação com a camisa colorada — Foto: Ricardo Duarte/Divulgação, Internacional
2 de 6 Vitão em ação com a camisa colorada — Foto: Ricardo Duarte/Divulgação, Internacional

Vitão em ação com a camisa colorada — Foto: Ricardo Duarte/Divulgação, Internacional

Você veio para o Inter por conta da guerra entre Rússia e Ucrânia. Como a notícia repercutiu para ti e para tua família? Como vocês reagiram com aquela loucura toda?Foi bem difícil. A gente estava em pré-temporada na Turquia e já haviam saído essas notícias no Brasil. Todas às vezes que perguntávamos ao presidente (do Shakhtar), ele falava que não ia acontecer nada, que a imprensa brasileira estava exagerando. Então, ficamos bem tranquilos naquele momento. Tanto que mandei minha mulher e meu filho para lá (Ucrânia) um dia antes. Depois de uma semana ou menos, em Kiev, aconteceu esse episódio, que foi a invasão russa. No começo, falavam para gente ir para o hotel, onde ficaríamos seguros. Na cabeça da gente, iríamos para o hotel, resolveríamos o que tinha para resolver e já voltaríamos para nossa casa. E foi bem ao contrário!

Vocês ficaram presos no hotel?Sim. Ficamos cinco dias dentro do bunker dentro do hotel. Agradecer todo o apoio que o Júnior Moraes, que é naturalizado ucraniano, deu para gente e a Federação Ucraniana também. Foi bem difícil sair de lá. A gente teve que pegar 15 horas de trem com vários moradores locais tentando escapar. Todo esse tempo de trem com meu filho, que tinha apenas três meses. Estava acabando o leite, acabando a água. Depois dessas 15 horas, pegamos um ônibus e levamos mais quatro horas até chegar ao aeroporto na Romênia. De lá, meus empresários conseguiram voo.

Você já estava no Brasil quando o Inter te fez a primeira proposta?Sim, eu já estava no Brasil. Foi logo que retornei ao país. Eu não estava com cabeça para isso. Eu pedi mais um tempo para eles. Tinha passado apenas uma semana do episódio e eu disse que queria aproveitar minha família, minha mulher, meu filho, a vida, porque realmente foi muito difícil. Não estava com cabeça para o futebol. Depois de umas duas semanas, retomamos os contatos. Tinham outros clubes interessados, mas não tive nenhuma dúvida pela grandeza e história do Inter.

Vitão e família no retorno ao Brasil depois de dias difíceis na Ucrânia — Foto: Arquivo Pessoal
3 de 6 Vitão e família no retorno ao Brasil depois de dias difíceis na Ucrânia — Foto: Arquivo Pessoal

Vitão e família no retorno ao Brasil depois de dias difíceis na Ucrânia — Foto: Arquivo Pessoal

Você tem apenas um jogo oficial pelo Palmeiras. Oportunidade concedida pelo Felipão. Como foi tua passagem por lá, tua ida ao Shakhtar até a vinda para o Inter.Cheguei ao Palmeiras no sub-14 para o sub-15. Fiquei dois anos na base e depois fiquei bastante tempo no profissional. Era uma época que o time de cima do Palmeiras não usava muito a base. Eu treinava bastante com os profissionais e, quando era para jogar e adquirir ritmo, eu descia para defender o sub-20. Foi difícil para mim no começo porque o clube não usava a base. Eu ia para o jogo e não jogava. Surgiu a oportunidade de ir para o Shakhtar e eu achei que já tinha feito tudo no Palmeiras. Fui bem cedo para a Ucrânia, com 18 para 19 anos. Minha trajetória no profissional foi na Europa. Fiquei por dois anos e cinco meses por lá e agora aconteceu essa tragédia (guerra) e teve a possibilidade de eu vir para o Inter.

Quais seriam as principais diferenças do futebol praticado na Ucrânia para o disputado aqui no Brasil?Futebol na Europa é mais rápido e mais coletivo. Aqui tem muitos jogadores que individualmente se saem muito bem. É a característica dos brasileiros. Lá, é mais coletivo. Futebol é futebol no mundo todo! Não tem muita diferença.

Um momento inesquecível no futebol europeu?Sem dúvida, a Champions League! Já vem logo na cabeça a partida contra o Real Madrid, que foi minha estreia na competição. Logo contra o Real Madrid! A gente ganhou por 2 a 0 dentro da nossa casa. Foi muito bom para mim e foi onde eu comecei a me firmar como titular no Shakhtar. Peguei o Benzema! Foi um momento único para mim, né? Teve aquele frio na barriga de estrear na Champions. Eu estava muito concentrado, treinando firme, sabia o que tinha que fazer e consegui ir bem.

Vitão em ação contra o Real Madrid pela Champions League — Foto: Sergei SUPINSKY / AFP
4 de 6 Vitão em ação contra o Real Madrid pela Champions League — Foto: Sergei SUPINSKY / AFP

Vitão em ação contra o Real Madrid pela Champions League — Foto: Sergei SUPINSKY / AFP

Qual a dificuldade que você encontra com as mudanças constantes na zaga e como te encaixa com cada defensor?São zagueiros de altíssima qualidade, de altíssimo nível. Não tem a dupla preferida, a dupla principal. Todos que entrarem e jogarem vão dar conta do recado. São características diferentes, mas creio que com muito entrosamento, você pega no jogo. Como vai mudando, temos que pegar no treino mesmo. A gente entrosa no vestiário conversando, onde um gosta de atacar na bola parada, onde outro prefere fazer o bloqueio. É com o jogo, mesmo. Não tenho dificuldade com isso, independentemente se jogar eu com Mercado, Méndez, enfim.

A impressão que dá é que o time está criando uma química interessante dentro e fora de campo. Até a torcida, muito exigente, parece estar se reaproximando. Você sente que o Inter está montando um time com potencial para ser campeão? Já tinha a cara de time, não podemos deixar de agradecer ao Cacique (Alexander Medina). Por mais que futebol seja de resultado, e o Mano é excelente treinador, mas já tinha essa cara. Agora com ideias diferentes, os resultados estão a nosso favor. É continuar trabalhando para encontrar o caminho das vitórias do Brasileiro.

Aos 1 min do 2º tempo - gol de cabeça de Vitão do Internacional contra o Juventude

Aos 1 min do 2º tempo - gol de cabeça de Vitão do Internacional contra o Juventude

Vocês olham a tabela e projetam os cenários da Sul-Americana? Estão com o sentimento de que dá para bater campeão?Sempre entramos para ganhar, independentemente de qualquer adversário. Não menosprezamos ninguém. Mas estamos bem focados no Colo-Colo, vamos etapa por etapa, jogo por jogo para chegar ao nosso objetivo principal.

O Campeonato Brasileiro está bem equilibrado. O Inter está quatro pontos atrás do líder e quatro pontos à frente do 17º.A gente tem que pensar no nosso. Independentemente se estamos a quatro do líder e da zona. Temos que pensar em voltar a vencer no Brasileirão. Na segunda-feira, temos que fazer uma grande partida (contra o Atlético-GO), estamos vindo de uma vitória boa, que dá confiança. Então, é entrar bem, chegar bem. Estamos trabalhando firme para as coisas voltarem a acontecer no Brasileiro. Com uma vitória, estaremos lá em cima, vamos pensar nisso. É melhor empatar que perder, mas creio que vamos retornar ao caminho das vitórias.

Em 30 de junho, teu contrato de empréstimo acaba. Está batendo a ansiedade? Já começou a discutir este assunto?Estou muito feliz aqui. Estou focado no tenho que fazer. Procuro não pensar muito no que pode acontecer a partir do dia 30 de junho. Se for para ficar, estou preparado para contribuir da melhor maneira possível. Estou focado, não estou pensando muito não. Vamos ver o que pode acontecer.

Vitão em treino do Inter — Foto: Ricardo Duarte/Divulgação, Internacional
5 de 6 Vitão em treino do Inter — Foto: Ricardo Duarte/Divulgação, Internacional

Vitão em treino do Inter — Foto: Ricardo Duarte/Divulgação, Internacional

Passa pela tua cabeça a seleção brasileira?Claro que passa, para todo jogador passa. Agora está bem próximo da Copa do Mundo, mas espero fazer um bom trabalho para que no futuro eu possa ser convocado. É um sonho de criança representar o país na Copa do Mundo. Acho que se o time estiver bem e você estiver bem, se estiver no Brasil ou na Europa você vai ser escolhido. Para você se destacar individualmente, o coletivo tem que fazer a diferença.

O que o Vitão gosta de fazer fora de campo, no tempo livre?Sou muito caseiro. Antes de chegar ao treino, gosto de jogar videogame, quando o molecão deixa, né! Meu filho está com seis meses, naquela fase de descobrir novas coisas, então é sempre bom estar acompanhando. Aqui é bastante frio, assisto bastante filme. Dificilmente vão me ver na rua aí, sou bem caseiro (risos). Lá na Ucrânia, joguei com - 18° C. Aqui, está tranquilo.

Ao lado da família, Vitão foi apresentado como jogador do Inter — Foto: Tomás Hammes
6 de 6 Ao lado da família, Vitão foi apresentado como jogador do Inter — Foto: Tomás Hammes

Ao lado da família, Vitão foi apresentado como jogador do Inter — Foto: Tomás Hammes

Em quem você se inspira no futebol e na vida?No futebol, todo mundo tem um ídolo. O meu é o Thiago Silva, me inspiro muito nele. Admiro o trabalho do Sérgio Ramos também. Para chegar a ser um grande zagueiro, tem que se inspirar nos melhores. Na vida, minha mãe. É tudo para mim, minha inspiração. Por ela faço tudo e agora meu filho também. Não tem amor maior!

Deu para ver a importância da sua família nas tuas palavras e no teu olhar.Sou muito apegado na família, saí de casa com 14 anos, minha mãe e eu sofremos bastante. Tive que me adaptar muito rápido, quase larguei o futebol por conta disso, mas era meu sonho. Corri atrás. Estou conseguindo ficar perto da família agora, estou bem, minha mãe estava aí no dia das mães. Estou feliz!

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